Wednesday, March 7, 2007

Metal e Melancolia - comentário de Rui Costa e Silva




Neste documentário passado no Peru, a primeira coisa que me vem à cabeça é a maneira como a mistura de classes pode ocorrer num pequeno espaço social como os quatro lugares de um táxi.

Devido à situação política de um país as suas infra-estruturas (...) caem por terra, o que leva a que as pessoas tenham que procurar os mais variados meios de sobrevivência. Tal como o título indica, o frio metal do carro torna-se o seu novo meio de subsistência: ali, presos por quatro portas, encontramos pessoas que nunca pensaram estar nesta situação, mas que possuem ainda a força de vontade para tentar fazer algo face à situação que o país atravessa.
[É] Interessante ver que a classe dos taxistas do filme são quase todos membros da classe média (...). Mas a realizadora não procura relatos de como a crise os levou até aquela situação; ela leva-nos a percorrer a vida pessoal dos indivíduos, vemos como a melancolia das suas vidas os ajuda a viver cada dia sempre com esperança de um amanhã melhor. Uma das frases que [melhor exprime] esta luta [é]: “ há que ser engenhoso para se poder subsistir em tempo de crise”. Acho que esta frase mostra claramente os tempos que se viviam nesta altura, através das suas vidas pessoais podemosver como a situação que o próprio pais atravessa afecta o social, chegando a tocar os mais diferentes assuntos sociais, a vida de um actor, a vida de um economista, a vida de uma mãe solteira etc.. Cada um destes actores sociais [teve] que adoptar outro papel na peça política que o pais atravessa ou, melhor dizendo, [teve] que fazer papeis extras no filme político. Num contexto diferente seria interessante ver que opções de vida poderiam ter estas pessoas. Vemos como o espaço político e económico atravessa todas as dimensões sociais e leva à criação de identidades diferentes (...). Sendo este documentário realizado nos anos 90 esperava-se que as estratégias de mudança dos níveis políticos e sociais fossem diferentes, mas a realidade é bem diferente infelizmente. "Metal Y Melancolia": para mim o título fica mais em evidência [escrito] desta maneira, talvez seja por achar a língua [castelhana] mais melancólica.

Rui Costa e Silva (AB1)

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