Entendo que, com "Metal Y Melancolia", a realizadora e argumentista pretende criticar os sucessivos governantes políticos do Peru, demonstrando as repercursões dos seus actos na população de Lima, representativa de todo o país e, de certa forma, da realidade sul-americana. O produto destas más políticas é a consequente extinção da classe média. O filme é protagonizado pela classe dos motoristas de taxi, vista porHonigmann como uma amostra substancial da população, pois de uma forma geral,"toda a gente" é taxista em part-time: do funcionário público à doméstica, do actor ao polícia..."
Parece-me pertinente comparar a palavra "metal", utilizada no título, à personalidade forte, à capacidade de sofrimento dos peruanos, como foi já referido (e bem) nos comentários dos colegas. No entanto, metal, é também uma metáfora à resistência e textura do próprio táxi, considerado como"enxada"/ferramenta, fonte de rendimento; é, inclusive, personificado por um dos taxistas. A palavra melancolia revela a impotência em relação ao actual estado das coisas. No entanto, também nos remete para a nostalgia, a um "sebastianismo sul-americano" que mantém viva a esperança num libertador que lhes devolva tempos passados, mais prósperos. Até lá mantêm a fé, até para que o "metal-não-enferruje"...
Bruno Veiga (AB1)
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