Tuesday, March 6, 2007

Metal e Melancolia - comentário de Ágata Mandillo


Lima, uma paisagem urbana monocromática e decadente, aliada a uma densa e imensamente rica paisagem humana.

Percursos de vida tão distintos e singulares que se unem em esforços partilhados pela sobrevivência em tempo de crise. Todos guiam os seus velhos - e também eles resistentes - automóveis, com um autocolante que anuncia TAXI... Cada um com uma vida para contar. Histórias de vida, mas não só. São também a história de Lima, do Peru e dos tempos de então.

As estratégias anti-roubo mais auto-destrutivas, os «taxistas astronautas caídos numa lua completamente suja», as “cucarachas” (carochas ou baratas!) que pululam a via pública, o «verde esperança», um pai que “convence” a sua filha de 3 anos a (sobre)viver (a uma leucemia): «ela tinha que encontrar a sua própria força, se não, não poderia aguentar»; a dança e a música; o amor por Marlene, lá longe no tempo, mas perto no coração...

Um tom bem-humorado e esperançoso, numa sucessão dinâmica de testemunhos de taxistas-circunstâncias. O filme caminha numa crescente melancolia. Há dificuldades, há sofrimento, mas há sobretudo a crença profunda de que “a vida é dura mas é bonita".

Ágata Mandillo

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