Após o visonamento do filme Metal e Melancolia pude concluir que, para além da grande pobreza apresentada (...) os motoristas valorizam os seus bens com grande vontade.
Os cidadãos "transformaram-se" em taxistas devido ao estado que o país atravessa e exercem esta profissão, não por gosto e nos tempos livres [mas devido] à incompetência e à desonestidade do governo.
Os autocolantes com a palavra TAXI encontram-se à venda na rua, junto dos semáforos, local onde se vêem outros tipos de vendedores e de materiais.
Durante a noite pôde-se observar várias crianças a vender (...) crianças (...) que se assumem como verdadeiros comerciantes.
O que mais me impressionou foram as casas pobres e as grandes dificuldades; além disto conseguem ser positivos e felizes. As mulheres taxistas "alegraram-me" pois não mostravam qualquer tipo de preconceito ao trabalharem para ganhar a vida.
O título do filme deve-se ao que um poeta espanhol disse sobre o Perú, que este era feito de metal, porque as dificuldades os obrigaram a ficar duros, tal como o material, e de melancolia, porque o país se encontrava constantemente na mesma.
Marta Ferreira
AA1
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Entre 1986 e 1991 o Peru sente os avassaladores efeitos da grave crise económica. O desemprego e a miséria ocorre nos grandes centros urbanos. As privatizações levam à quebra do parque industrial Peruano, arrastando para a precariedade enormes franjas da população. Abre-se caminho para a implantação do narcotráfico, nas regiões rurais, controlando zonas inteiras quer a norte ou a sul do pais, estes oferecem protecção aos camponeses face à acção militar levada a cabo pelo governo muito pressionado pela comunidade internacional. Em 1992 ocorre um golpe militar. Uma política contra revolucionária conduz então o país. As zonas rurais e urbanas não se encontram unidas, por um lado a protecção das guerrilhas face às zonas rurais contrasta com a ausência de protecção e miséria das zonas urbanas. Este documentário de Heddy Honigman procura dar a conhecer a realidade vivida diariamente pelos habitantes de Lima, tendo em atenção as estratégias de sobrevivência adoptadas perante a grave crise económica. As viaturas particulares são usadas para serviço de taxi (não regulamentado) [e constitui] a segunda ou terceira ocupação dos indivíduos. O estado físico dos veículos dá a perceber as dificuldades em manter em circulação um veículo envelhecido. O discurso sobre os políticos centra-se na crítica às políticas adoptadas ao roubo e desvio de capitais, ainda assim subsiste a esperança no futuro, numa vida melhor para os seus filhos.
Os entrevistados exteriorizam um certo romantismo e gosto pela música, aliado ao seu espírito crítico. Por outro lado, o facto de desempenharem o papel de chefes de família prende-os às obrigações familiares. (...) Um agente da autoridade revela-nos que também é taxista nas horas vagas.
Todas as estratégias de sobrevivência resultam da falta de emprego e da grave crise económica vivida no Peru, no entanto a esperança volta-se para o governo e para as suas políticas centradas na procura de cooperação entre Estados. Existe aqui a consciência dos efeitos da globalização sendo por isso importante uma abertura ao exterior, através da diplomacia de modo a levantar barreiras impostas por outros países.
Rui Cota (AC2)
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Heddy Honigmann transporta-nos à crise no Peru através de pequenas histórias com motoristas de táxi, única actividade rentável. Percorremos uma viagem (pela miséria, pela doença, pela solidão) onde existe ainda a expectativa de conseguir ultrapassar o esforço diário duma “vida dura, mas bonita”. Trabalham para “honrar a vida”, “uma vida boa apesar da dor e do sofrimento”.
O olhar fotográfico da realizadora mostra-nos o desemprego, o desenrasque, os vendedores, as crianças e uma variada quantidade de artigos (desde as esferográficas, aos bolinhos de massapão, aos cigarros, às pirâmides de energia, aos caramelos).
Segundo H.H. “Um poeta Espanhol disse que o Peru é feito de Metal e Melancolia. Metal, porque o sofrimento e a pobreza endurecem como o Metal, Melancolia, porque nós também somos meigos e temos a nostalgia do passado”.
Este documentário levou-me a saber um pouco mais do trabalho de H.H., e constatei que aborda geralmente temáticas igualmente importantes e por vezes pouco debatidas, como por exemplo sobre os exilados cubanos em Nova Iorque, ou sobre os músicos imigrantes (em Paris) que só podem tocar no Metro.
Rosário Melo (AA2)