A cadeira aborda de modo articulado as dimensões económica e política da vida social, mostrando como tais dimensões têm sido construídas enquanto categorias de análise antropológica em diferentes contextos etnográficos e em diferentes momentos da história da disciplina. Partindo do problema mais geral da construção do objecto nas ciências sociais, a disciplina aborda em particular os pressupostos históricos e institucionais das categorias de “económico” e de “político”. O programa orienta-se pelas seguintes linhas programáticas:
Tuesday, February 10, 2009
Ano lectivo 2008-09
Bem-vindos à cadeira de Análise Antropológica 2: Poderes - o económico e o político. Em breve actualizarei a lista de links do blogue. As linhas programáticas da cadeira (tal como constam do programa) são as seguintes:
A cadeira aborda de modo articulado as dimensões económica e política da vida social, mostrando como tais dimensões têm sido construídas enquanto categorias de análise antropológica em diferentes contextos etnográficos e em diferentes momentos da história da disciplina. Partindo do problema mais geral da construção do objecto nas ciências sociais, a disciplina aborda em particular os pressupostos históricos e institucionais das categorias de “económico” e de “político”. O programa orienta-se pelas seguintes linhas programáticas:
A cadeira aborda de modo articulado as dimensões económica e política da vida social, mostrando como tais dimensões têm sido construídas enquanto categorias de análise antropológica em diferentes contextos etnográficos e em diferentes momentos da história da disciplina. Partindo do problema mais geral da construção do objecto nas ciências sociais, a disciplina aborda em particular os pressupostos históricos e institucionais das categorias de “económico” e de “político”. O programa orienta-se pelas seguintes linhas programáticas:
Monday, July 23, 2007
Notas de 2ª época
A pauta final com todas as notas finais de frequência, 1ª e 2ª épocas está afixada na vitrine.
Boas férias.
Boas férias.
Friday, July 6, 2007
Notas (2)
A pauta com as notas de frequência e os resultados do exame de 1ª época encontra-se afixada nas vitrines (procurem na vitrine do 1º ano). Parabéns a to@s @s que concluiram com sucesso a cadeira. A segunda época realiza-se a 20 de Julho.
Monday, June 25, 2007
Notas
Afixei à porta do meu gabinete a pauta com as notas. Na próxima quarta-feira 28 de Junho estarei no gabinete entre as 16:30 e as 19:30 para quem pretender algum esclarecimento.
Sunday, May 27, 2007
"Orientes": olhares renovados
Amanhã, na Livraria Bulhosa do Campo Grande, pelas 18h, terá lugar mais uma sessão de "Livros de Antropologia em Diálogo". Em diálogo estarão as obras Reis e Intocáveis. Um Estudo do Sistema de Castas no Noroeste da Índia de Rosa Maria Perez e Um Islão Prático. O Quotidiano Feminino em Meio Popular Muçulmano de Maria Cardeira da Silva. As apresentações estão a cargo de Cristiana Bastos e Luís Batalha.
Foto: duas mulheres de braço dado numa rua de Marraquexe (2004).
Foto: duas mulheres de braço dado numa rua de Marraquexe (2004).
Friday, May 18, 2007
Fotografando as estastísticas da sociedade de consumo em massa
Fotos de Chris Jordan tiradas daqui.
Chris Jordan, fotógrafo americano, tem em curso este curioso projecto. Tirando partido das actuais potencialidades da fotografia digital, Jordan pretende representar em imagens os números que traduzem o consumo (de voos de aviação comercial, garrafas de água, fardas de prisoneiros, cigarros, automóveis SUV, telémóveis... vejam o site) de bens na sociedade americana. Caso para dizer: uma imagem vale mil estatísticas.
Podem ver este e outros projectos deste fotógrafo aqui.
(o mote para este post foi dado pela Rosário Melo que me enviou o link da página deste fotógrafo)
Podem ver este e outros projectos deste fotógrafo aqui.
(o mote para este post foi dado pela Rosário Melo que me enviou o link da página deste fotógrafo)
Friday, May 11, 2007
Comércio (in)justo
Imagem daqui.
Recupero aqui um comentário/mensagem deixado pela Diana Tomás sobre um recente relatório da OXFAM sobre acordos comerciais entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento altamente prejudiciais para estes últimos. A Diana escreveu:
"(...) aqui vai um relatório fresquinho (Março 2007) da Oxfam sobre o crescente número de acordos de comércio livre (free trade agreements) feitos entre países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento que coloca estes últimos numa situação de cada vez maior fragilidade. Ao que parece estes acordos em nada vão contra as regras da Organização Mundial do Comécio (apenas contra o principio que esteve na base da criação desta agencia!!)"
Versão em inglês do relatório:
Versão em castelhano do relatório:
Monday, May 7, 2007
Olhar antropológico sobre questões ambientais
Mais um mote para um dos temas de trabalho final. Indispensáveis, entre outros, os textos de Comas D'Argemir (1998) e Foladori e Taks (2004) - ver caderno de textos - analisados na última aula. Indispensáveis, por exemplo, para analisar a acção desta organização e esta notícia (links enviados por Sara Oliveira).
Friday, May 4, 2007
Tuesday, May 1, 2007
Impactos ambientais e culturais da colonização - o exemplo de Jamestown (1607)
A vossa colega Cátia Domingues (AC1) enviou-me este site da National Geographic com um conjunto de informação histórica e arqueológica sobre o impacto da colonização britânica no Novo Mundo. Vejam como preparação para as aulas teóricas-práticas de 5ª feira.
Flechas e telemóveis
Foto da edição impressa do Público.
Ora aqui está um belo mote para um dos temas de trabalho.
Um bom 1º de Maio para tod@s.
Thursday, April 26, 2007
Temas para o trabalho final
Coloquei ao cimo da coluna "ligações e informações úteis" um link para as propostas de trabalho final (os que assistiram às aulas desta semana possuem já estas propostas em papel).
Bom trabalho.
Tuesday, April 17, 2007
Livros de Antropologia em Diálogo - programa completo
Podem consultar o programa desta iniciativa que se prolonga até Dezembro aqui e também na coluna de informações e ligações úteis. A próxima sessão é no próximo dia 24 de Abril (sempre às 18 h, na Livraria Bulhosa no Campo Grande).
Tuesday, March 27, 2007
O Banco Mundial e a Pobreza
Para as aulas teóricas práticas após a Páscoa: solicito aos comentadores dos textos que sugiram (aqui no blogue, ou tragam para a aula) uma notícia, reportagem, ou estudo que ilustre ou se articule com a temática das leituras.
********
Abaixo podem ler um excerto de uma notícia do Público sobre um recente estudo do Banco Mundial que encoraja os empresários e investidores a olharem para os pobres como um amplo segmento de consumidores e como uma oportunidade de negócio. Leiam e comentem (na caixa de comentários).
"Ganham um, dois, três dólares no máximo a cada dia que passa. São os pobres do planeta, uma imensa maioria que, como um todo, tem um poder de compra avaliado em cinco biliões (milhões de milhões) de dólares, o que corresponde a 3,8 biliões de euros. Criar produtos e serviços especialmente destinados às necessidades destes quatro mil milhões de pessoas é o desafio lançado aos privados pelo Banco Mundial."
Continuar a ler aqui.
Monday, March 26, 2007
Últimos comentários sobre "Metal e Melancolia"
Após o visonamento do filme Metal e Melancolia pude concluir que, para além da grande pobreza apresentada (...) os motoristas valorizam os seus bens com grande vontade.
Os cidadãos "transformaram-se" em taxistas devido ao estado que o país atravessa e exercem esta profissão, não por gosto e nos tempos livres [mas devido] à incompetência e à desonestidade do governo.
Os autocolantes com a palavra TAXI encontram-se à venda na rua, junto dos semáforos, local onde se vêem outros tipos de vendedores e de materiais.
Durante a noite pôde-se observar várias crianças a vender (...) crianças (...) que se assumem como verdadeiros comerciantes.
O que mais me impressionou foram as casas pobres e as grandes dificuldades; além disto conseguem ser positivos e felizes. As mulheres taxistas "alegraram-me" pois não mostravam qualquer tipo de preconceito ao trabalharem para ganhar a vida.
O título do filme deve-se ao que um poeta espanhol disse sobre o Perú, que este era feito de metal, porque as dificuldades os obrigaram a ficar duros, tal como o material, e de melancolia, porque o país se encontrava constantemente na mesma.
Marta Ferreira
AA1
Entre 1986 e 1991 o Peru sente os avassaladores efeitos da grave crise económica. O desemprego e a miséria ocorre nos grandes centros urbanos. As privatizações levam à quebra do parque industrial Peruano, arrastando para a precariedade enormes franjas da população. Abre-se caminho para a implantação do narcotráfico, nas regiões rurais, controlando zonas inteiras quer a norte ou a sul do pais, estes oferecem protecção aos camponeses face à acção militar levada a cabo pelo governo muito pressionado pela comunidade internacional. Em 1992 ocorre um golpe militar. Uma política contra revolucionária conduz então o país. As zonas rurais e urbanas não se encontram unidas, por um lado a protecção das guerrilhas face às zonas rurais contrasta com a ausência de protecção e miséria das zonas urbanas. Este documentário de Heddy Honigman procura dar a conhecer a realidade vivida diariamente pelos habitantes de Lima, tendo em atenção as estratégias de sobrevivência adoptadas perante a grave crise económica. As viaturas particulares são usadas para serviço de taxi (não regulamentado) [e constitui] a segunda ou terceira ocupação dos indivíduos. O estado físico dos veículos dá a perceber as dificuldades em manter em circulação um veículo envelhecido. O discurso sobre os políticos centra-se na crítica às políticas adoptadas ao roubo e desvio de capitais, ainda assim subsiste a esperança no futuro, numa vida melhor para os seus filhos.
Os entrevistados exteriorizam um certo romantismo e gosto pela música, aliado ao seu espírito crítico. Por outro lado, o facto de desempenharem o papel de chefes de família prende-os às obrigações familiares. (...) Um agente da autoridade revela-nos que também é taxista nas horas vagas.
Todas as estratégias de sobrevivência resultam da falta de emprego e da grave crise económica vivida no Peru, no entanto a esperança volta-se para o governo e para as suas políticas centradas na procura de cooperação entre Estados. Existe aqui a consciência dos efeitos da globalização sendo por isso importante uma abertura ao exterior, através da diplomacia de modo a levantar barreiras impostas por outros países.
Rui Cota (AC2)
************
Heddy Honigmann transporta-nos à crise no Peru através de pequenas histórias com motoristas de táxi, única actividade rentável. Percorremos uma viagem (pela miséria, pela doença, pela solidão) onde existe ainda a expectativa de conseguir ultrapassar o esforço diário duma “vida dura, mas bonita”. Trabalham para “honrar a vida”, “uma vida boa apesar da dor e do sofrimento”.
O olhar fotográfico da realizadora mostra-nos o desemprego, o desenrasque, os vendedores, as crianças e uma variada quantidade de artigos (desde as esferográficas, aos bolinhos de massapão, aos cigarros, às pirâmides de energia, aos caramelos).
Segundo H.H. “Um poeta Espanhol disse que o Peru é feito de Metal e Melancolia. Metal, porque o sofrimento e a pobreza endurecem como o Metal, Melancolia, porque nós também somos meigos e temos a nostalgia do passado”.
Este documentário levou-me a saber um pouco mais do trabalho de H.H., e constatei que aborda geralmente temáticas igualmente importantes e por vezes pouco debatidas, como por exemplo sobre os exilados cubanos em Nova Iorque, ou sobre os músicos imigrantes (em Paris) que só podem tocar no Metro.
Rosário Melo (AA2)
Monday, March 19, 2007
CEAS - 20 ANOS DE ANTROPOLOGIA. LIVROS DE ANTROPOLOGIA EM DIÁLOGO
Antropólogos, investigadores, estudantes e curiosos reunidos mensalmente em torno de livros. Livros de Antropologia em Diálogo é um ciclo de debates que se insere nas comemorações dos 20 anos do Centro de Estudos de Antropologia Social [CEAS/ ISCTE], iniciado em Janeiro, e que encerrará em Dezembro de 2007. Cada sessão tem como ponto de partida duas obras sobre as quais dois convidados irão conversar, contando com a participação do público presente. Estas sessões serão pretexto para dar conta da importância dos livros nos respectivos contextos de produção antropológica em que surgiram.
Os diálogos tiveram início com as Conversas na Biblioteca, no ISCTE, no âmbito da mostra/exposição bibliográfica subordinada ao tema CEAS – 20 de anos de Antropologia em Portugal (1986-2006). Na primeira sessão os livros em destaque foram Lugares de Aqui. Terrenos Portugueses (org. de J. Pais de Brito & B. O’Neill, D. Quixote, 1991) e Terrenos Metropolitanos. Ensaios sobre produção etnográfica (org. de A. Pedroso de Lima & R. Sarro, ICS, 2006). O diálogo esteve a cargo de Filipe Reis e Susana Durão. Na segunda sessão estabeleceu-se um diálogo entre os catálogos Índios da Amazónia (org. de J. Freitas Branco & Veiga de Oliveira, IICT, 1986) e Voo do Arado (Museu de Etnologia, IPM, 1996). O diálogo esteve a cargo de Jorge Freitas Branco e de Joaquim Pais de Brito. O interesse e adesão manifestados pelo público justificam o prolongamento da iniciativa ao longo do ano, com mais livros, novos intervenientes e num novo espaço.
Os diálogos tiveram início com as Conversas na Biblioteca, no ISCTE, no âmbito da mostra/exposição bibliográfica subordinada ao tema CEAS – 20 de anos de Antropologia em Portugal (1986-2006). Na primeira sessão os livros em destaque foram Lugares de Aqui. Terrenos Portugueses (org. de J. Pais de Brito & B. O’Neill, D. Quixote, 1991) e Terrenos Metropolitanos. Ensaios sobre produção etnográfica (org. de A. Pedroso de Lima & R. Sarro, ICS, 2006). O diálogo esteve a cargo de Filipe Reis e Susana Durão. Na segunda sessão estabeleceu-se um diálogo entre os catálogos Índios da Amazónia (org. de J. Freitas Branco & Veiga de Oliveira, IICT, 1986) e Voo do Arado (Museu de Etnologia, IPM, 1996). O diálogo esteve a cargo de Jorge Freitas Branco e de Joaquim Pais de Brito. O interesse e adesão manifestados pelo público justificam o prolongamento da iniciativa ao longo do ano, com mais livros, novos intervenientes e num novo espaço.
A iniciativa Livros de Antropologia em Diálogo passa, a partir de Março, a ter lugar na Livraria Bulhosa, no Campo Grande, 10-B. A sessão de amanhã:
Passados e presentes na antropologia portuguesa
20 de Março, 18:00
Livro 1
Pina Cabral, João, 1986, Filhos de Adão, Filhas de Eva: A Visão do Mundo Camponesa do Alto Minho, Lisboa, Dom Quixote.
Livro 2
almeida, Miguel Vale de, 1995, Senhores de Si. Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade, Lisboa, Fim de Século.
Diálogo a cargo de Susana Viegas e Maria Cardeira da Silva
20 de Março, 18:00
Livro 1
Pina Cabral, João, 1986, Filhos de Adão, Filhas de Eva: A Visão do Mundo Camponesa do Alto Minho, Lisboa, Dom Quixote.
Livro 2
almeida, Miguel Vale de, 1995, Senhores de Si. Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade, Lisboa, Fim de Século.
Diálogo a cargo de Susana Viegas e Maria Cardeira da Silva
Wednesday, March 14, 2007
"As formas actuais da interculturalidade" Conferência de Néstor García Canclini no ISCTE
Foto daqui
Realiza-se na próxima quinta-feira, pelas 18:30 no auditório B201. Nesse dia não haverá a aula das 18:00-19:20 para a turma AA2. A propósito da Conferência lançarei, no final desta semana, um desafio para que enviem pequenos comentários sobre o tema abordado por Néstor Canclini.
Uma curta biografia e uma selecção de textos deste investigador argentino residente no México podem ser consultados aqui. Vejam também esta entrevista a propósito do seu último livro intitulado Diferentes, desiguales y desconectados : mapas de la interculturalidad.
Até quinta-feira.
Organização: CEAS/ISCTE, CIES/ISCTE e Casa da América Latina.
Thursday, March 8, 2007
Metal e Melancolia - comentário de Benedetta M. Crivelli
O que mais me impressionou no documentário de Heddy Honigmann foi a capacidade da classe média de definir uma estratégia de resistência que pudesse garantir a sobrevivência. Esta situação é ainda mais impressionante se pensarmos que os entrevistados pertencem à classe média, uma classe que normalmente tem aspirações de ascensão social, suportada pelos bons níveis de educação e pela obtenção de trabalho com possibilidade de mobilidade vertical. Não é por acaso que a maioria dos motoristas diz que não gosta de ser taxista, nem nunca pensou chegar até àquele ponto. Todavia, as necessidades familiares empurram para a elaboração de estratégias de sobrevivência que são tanto mais relevantes num contexto de absoluta ausência de poder político (1992 no Peru foi o ano da tentativa falhada do golpe de Estado a que se seguiu o contra-golpe autoritário de Fujimori), onde os grupos sociais são capazes, independentemente dos estímulos ou suportes do poder politico, de reagir a uma situação de crise. Estas estratégias de sobrevivência dizem também respeito às formas de tutela dos“instrumentos” de trabalho face aos roubos, como se a crise limitasse a “solidariedade” entre os trabalhadores. Além disso, o facto de deixar cair barreiras sociais tradicionais (ex. uma mulher motorista dum táxi) espelha como os modelos morais podem ser mudados ou adaptados a uma situação de crise. Finalmente, podemos dizer que mesmo esta capacidade de reacção às dificuldades da vida gera uma espera positiva, como se os peruanos soubessem poder sempre apoiar-se nas suas capacidades e potencialidades“criativas”, entre as quais está também a melancolia dos amores passados, que podem ser lembrados com uma canção.
Benedetta M. Crivelli (AA2)
Metal e Melancolia - comentário de Bruno Veiga
Entendo que, com "Metal Y Melancolia", a realizadora e argumentista pretende criticar os sucessivos governantes políticos do Peru, demonstrando as repercursões dos seus actos na população de Lima, representativa de todo o país e, de certa forma, da realidade sul-americana. O produto destas más políticas é a consequente extinção da classe média. O filme é protagonizado pela classe dos motoristas de taxi, vista porHonigmann como uma amostra substancial da população, pois de uma forma geral,"toda a gente" é taxista em part-time: do funcionário público à doméstica, do actor ao polícia..."
Parece-me pertinente comparar a palavra "metal", utilizada no título, à personalidade forte, à capacidade de sofrimento dos peruanos, como foi já referido (e bem) nos comentários dos colegas. No entanto, metal, é também uma metáfora à resistência e textura do próprio táxi, considerado como"enxada"/ferramenta, fonte de rendimento; é, inclusive, personificado por um dos taxistas. A palavra melancolia revela a impotência em relação ao actual estado das coisas. No entanto, também nos remete para a nostalgia, a um "sebastianismo sul-americano" que mantém viva a esperança num libertador que lhes devolva tempos passados, mais prósperos. Até lá mantêm a fé, até para que o "metal-não-enferruje"...
Bruno Veiga (AB1)
Wednesday, March 7, 2007
Metal e melancolia - comentário de Bárbara Sá
Enquanto visionava o documentário, interessaram-me em especial a diversidade de histórias de vida entre os taxistas, a sua capacidade de sorrir e encarar as adversidades apesar da melancolia. Isso transparecia no modo como falavam das suas famílias, na dedicação com que tratavam o carro - ainda que, por vezes, essa dedicação se revestisse de formas perversas por uma questão de segurança - e, por exemplo, nos argumentos de encorajamento à filha com leucemia de um dos entrevistados.
Se no início vemos mais referências à conjuntura económica e política do Peru por parte dos taxistas, com a avançar do documentário entramos num território mais intimista, o que revela a habilidade da montagem. A passagem do filme que melhor retive, e que julgo que de certa forma o sintetiza, é a identificação que um do taxistas faz da sua classe com um rio subterrâneo, através do qual circulam histórias. Aqui a articulação da esfera social com a económica e política é bastante visível, principalmente na consideração do resultado das últimas eleições como claramente influenciado pela dita classe.
Em suma, achei o documentário relevante e bem construído. Visioná-lo fez-me sentir menos distante da realidade retratada, e pensar, ao mesmo tempo, nas semelhanças que podemos encontrar entre as estratégias de sobrevivência em Lima dos anos 90 e no nosso país actualmente, semelhanças, essas, maiores do que poderíamos imaginar em mundos tão díspares.
Bárbara Sá (AC1)
Se no início vemos mais referências à conjuntura económica e política do Peru por parte dos taxistas, com a avançar do documentário entramos num território mais intimista, o que revela a habilidade da montagem. A passagem do filme que melhor retive, e que julgo que de certa forma o sintetiza, é a identificação que um do taxistas faz da sua classe com um rio subterrâneo, através do qual circulam histórias. Aqui a articulação da esfera social com a económica e política é bastante visível, principalmente na consideração do resultado das últimas eleições como claramente influenciado pela dita classe.
Em suma, achei o documentário relevante e bem construído. Visioná-lo fez-me sentir menos distante da realidade retratada, e pensar, ao mesmo tempo, nas semelhanças que podemos encontrar entre as estratégias de sobrevivência em Lima dos anos 90 e no nosso país actualmente, semelhanças, essas, maiores do que poderíamos imaginar em mundos tão díspares.
Bárbara Sá (AC1)
Metal e Melancolia - comentário de Rui Costa e Silva
Neste documentário passado no Peru, a primeira coisa que me vem à cabeça é a maneira como a mistura de classes pode ocorrer num pequeno espaço social como os quatro lugares de um táxi.
Devido à situação política de um país as suas infra-estruturas (...) caem por terra, o que leva a que as pessoas tenham que procurar os mais variados meios de sobrevivência. Tal como o título indica, o frio metal do carro torna-se o seu novo meio de subsistência: ali, presos por quatro portas, encontramos pessoas que nunca pensaram estar nesta situação, mas que possuem ainda a força de vontade para tentar fazer algo face à situação que o país atravessa.
[É] Interessante ver que a classe dos taxistas do filme são quase todos membros da classe média (...). Mas a realizadora não procura relatos de como a crise os levou até aquela situação; ela leva-nos a percorrer a vida pessoal dos indivíduos, vemos como a melancolia das suas vidas os ajuda a viver cada dia sempre com esperança de um amanhã melhor. Uma das frases que [melhor exprime] esta luta [é]: “ há que ser engenhoso para se poder subsistir em tempo de crise”. Acho que esta frase mostra claramente os tempos que se viviam nesta altura, através das suas vidas pessoais podemosver como a situação que o próprio pais atravessa afecta o social, chegando a tocar os mais diferentes assuntos sociais, a vida de um actor, a vida de um economista, a vida de uma mãe solteira etc.. Cada um destes actores sociais [teve] que adoptar outro papel na peça política que o pais atravessa ou, melhor dizendo, [teve] que fazer papeis extras no filme político. Num contexto diferente seria interessante ver que opções de vida poderiam ter estas pessoas. Vemos como o espaço político e económico atravessa todas as dimensões sociais e leva à criação de identidades diferentes (...). Sendo este documentário realizado nos anos 90 esperava-se que as estratégias de mudança dos níveis políticos e sociais fossem diferentes, mas a realidade é bem diferente infelizmente. "Metal Y Melancolia": para mim o título fica mais em evidência [escrito] desta maneira, talvez seja por achar a língua [castelhana] mais melancólica.
Rui Costa e Silva (AB1)
Metal e Melancolia - comentário de Lígia Ramos
Esta pequena história, comum a um povo, foca-nos uma estratégia de vida para a sobrevivência, que leva toda uma classe (média) a desembocar num porto menor. A realizadora capta as diferentes visões do "mundo" de cada entrevistado e a forma como ele se situa face à contingência do próprio país, cuja crise leva a que a dor e a pobreza façam frente (por vezes não tão bem conseguida) a um lamento em uníssono, a uma política desgovernada que fez descarrilar a economia.
No entanto, a moral deste povo, num dever de obediência (ainda que em silêncio) leva a que muitos abracem - com certo ânimo - os meios que encontram para subsistir, tirando partido de tudo o que lhes aparece. É nesta dureza que tentam por ordem à vida, que flutuam na melancolia que lhes é conferida, numa capacidade combativa: ao medo, às angustias e, até, à própria morte.
Aliás, a realizadora consegue mesmo dar-nos essa "trifocagem" dos seus entrevistados: os que vivem a situação geral do seu país, com plena consciência e espírito crítico; os que estão no quadrante do seu pequeno mundo, vivendo as suas misérias pessoais; e os que fundamentam a sua própria força, na força do mesmo regime que os (des)governa- a força combativa, que suporta a dor e transforma a dureza de vida em algo bom, com vista a um futuro risonho, que estão a construir ao lado de uma ideologia de Estado.
Aceitação do estado das coisas, tudo suportar em nome de uma vida melhor. Ao mesmo tempo, existe o contraste com aquele estrato mais baixo da população, "os indígenas", que têm consciência de que não têm um lugar e que, dê por onde der, a política só os desfavorecerá, controlando-os e escravizando-os cada vez mais. Para eles, a política de nada serve.
Lígia Ramos (AB2)
No entanto, a moral deste povo, num dever de obediência (ainda que em silêncio) leva a que muitos abracem - com certo ânimo - os meios que encontram para subsistir, tirando partido de tudo o que lhes aparece. É nesta dureza que tentam por ordem à vida, que flutuam na melancolia que lhes é conferida, numa capacidade combativa: ao medo, às angustias e, até, à própria morte.
Aliás, a realizadora consegue mesmo dar-nos essa "trifocagem" dos seus entrevistados: os que vivem a situação geral do seu país, com plena consciência e espírito crítico; os que estão no quadrante do seu pequeno mundo, vivendo as suas misérias pessoais; e os que fundamentam a sua própria força, na força do mesmo regime que os (des)governa- a força combativa, que suporta a dor e transforma a dureza de vida em algo bom, com vista a um futuro risonho, que estão a construir ao lado de uma ideologia de Estado.
Aceitação do estado das coisas, tudo suportar em nome de uma vida melhor. Ao mesmo tempo, existe o contraste com aquele estrato mais baixo da população, "os indígenas", que têm consciência de que não têm um lugar e que, dê por onde der, a política só os desfavorecerá, controlando-os e escravizando-os cada vez mais. Para eles, a política de nada serve.
Lígia Ramos (AB2)
Tuesday, March 6, 2007
Metal e Melancolia - comentário de Ágata Mandillo
Lima, uma paisagem urbana monocromática e decadente, aliada a uma densa e imensamente rica paisagem humana.
Percursos de vida tão distintos e singulares que se unem em esforços partilhados pela sobrevivência em tempo de crise. Todos guiam os seus velhos - e também eles resistentes - automóveis, com um autocolante que anuncia TAXI... Cada um com uma vida para contar. Histórias de vida, mas não só. São também a história de Lima, do Peru e dos tempos de então.
As estratégias anti-roubo mais auto-destrutivas, os «taxistas astronautas caídos numa lua completamente suja», as “cucarachas” (carochas ou baratas!) que pululam a via pública, o «verde esperança», um pai que “convence” a sua filha de 3 anos a (sobre)viver (a uma leucemia): «ela tinha que encontrar a sua própria força, se não, não poderia aguentar»; a dança e a música; o amor por Marlene, lá longe no tempo, mas perto no coração...
Um tom bem-humorado e esperançoso, numa sucessão dinâmica de testemunhos de taxistas-circunstâncias. O filme caminha numa crescente melancolia. Há dificuldades, há sofrimento, mas há sobretudo a crença profunda de que “a vida é dura mas é bonita".
Ágata Mandillo
Percursos de vida tão distintos e singulares que se unem em esforços partilhados pela sobrevivência em tempo de crise. Todos guiam os seus velhos - e também eles resistentes - automóveis, com um autocolante que anuncia TAXI... Cada um com uma vida para contar. Histórias de vida, mas não só. São também a história de Lima, do Peru e dos tempos de então.
As estratégias anti-roubo mais auto-destrutivas, os «taxistas astronautas caídos numa lua completamente suja», as “cucarachas” (carochas ou baratas!) que pululam a via pública, o «verde esperança», um pai que “convence” a sua filha de 3 anos a (sobre)viver (a uma leucemia): «ela tinha que encontrar a sua própria força, se não, não poderia aguentar»; a dança e a música; o amor por Marlene, lá longe no tempo, mas perto no coração...
Um tom bem-humorado e esperançoso, numa sucessão dinâmica de testemunhos de taxistas-circunstâncias. O filme caminha numa crescente melancolia. Há dificuldades, há sofrimento, mas há sobretudo a crença profunda de que “a vida é dura mas é bonita".
Ágata Mandillo
Metal e Melancolia - comentário de Isabel Santos Marques
O documentário “Metal e Melancolia”, de Heddy Honigman, mostra-nos a dura realidade do povo peruano: a “luta” pela sua sobrevivência.
Devido à crise politica e económica que se instalou, a classe média perdeu a sua “qualidade” de vida e viu-se obrigada, na maioria das vezes, a recorrer a um segundo emprego, de forma a conseguir manter a sua subsistência. Assim, muitos peruanos tornam-se taxistas, após um dia de trabalho, independentemente do sexo. Taxista porque “basta” ter um carro; os dísticos são facilmente adquiridos em qualquer “esquina”.
Também é frequente o comércio ambulante onde, desde crianças a adultos, vendem um pouco de tudo: produtos alimentares, tabaco, peças para automóveis, etc.
Outra dificuldade com que os peruanos se debatem, para além da miséria, é a violência. Mesmo os taxistas que possuem viaturas velhas vêem-se obrigados a protegê-las contra os furtos. Apesar de todo este clima em que vivem, os peruanos, embora sintam melancolia em relação à sua condição passada, encaram o futuro com a dureza de um metal e, à sua maneira, cantando e dançando, tentam ser felizes.
Isabel Santos Marques (AB2)
Metal e Melancolia - comentário de Raquel Batista
Este é o meu breve comentário ao filme visionado na aula de Quinta-Feira, dia 1 de Março:
No início deste filme sobre a realidade da cidade peruana de Lima, apercebemo-nos de que as pessoas se sentem altamente frustradas com a crise que afectou o país após severas demonstrações de desonestidade por parte do governo do mesmo. A classe média, fundamentalmente, vê então decair a sua condição social entre os anos de 85/90. Famílias na sua grande maioria extensas, habitam agora em ruas imundas, em casas sem electricidade e cujas condições se revelam de extrema precariedade. Pai e/ou mãe encontram-se na necessidade de se sujeitar a empregos que, a muitos, não agrada(m) particularmente. [É o caso] da profissão de taxista abordada (...) no filme. Relativamente [à] profissão [de taxista], [no Perú] não é necessária uma especialização, unicamente um selo de TAXI que se poderá comprar a qualquer vendedor de rua (...). Falando no geral, irei recorrer a um momento do filme que é marcado pelo seguinte: uma das pessoas dá-nos a perceber uma frase de um poeta que posteriormente seria utilizada como o título para o próprio filme - "Metal e Melancolia" - onde o metal seria sinónimo de uma população que se tornara "dura" mediante a situação que atravessaria na altura, paralelamente a uma "melancolia" que sente ao relembrar tempos que já foram e que julgam voltar mais. (...) Contudo, ainda existe uma réstea de [optimismo] pois as pessoas tentam aproveitar aquilo de bom que ainda resta, e aquilo que a vida dá (relembro o caso de um pai que fala do bom da vida a uma sua filha que se encontra seriamente doente). Fazendo então uma conclusão (...) poderia dizer que falamos de homens, mulheres, crianças e idosos que se sujeitaram às dificuldades diárias que implica[m] viver no Péru: o filme é um espelho da realidade social de vidas de pessoas que aprendem a viver, arranjando soluções para o fazer da melhor maneira que lhes é possível.
Raquel Batista (Ab2)
Metal e Melancolia - comentário de Carlos Santos
Devido à [conjuntura] económica e política no Perú, os protagonistas deste documentário (...)relatam as amarguras e desventuras das suas vidas de uma forma emocional. As pessoas tem de enveredar por outras formas de sobrevivência e das suas famílias, recorrendo a uma segunda profissão de taxista e da venda ambulante.O documentário, feito dentro de vários táxis, dá-nos de uma forma caricata, não só as deficiências técnicas dos veículos, como a descrição da vida social e política que os Peruanos atravessam (crise económica e corrupção)
Carlos Santos (AA2)
Metal e Melancolia - comentário de Fernando Pratas Gomes
Na sequência do documentário "Metal e Melancolia" de Heddy Honigman, três aspectos me pareceram emergentes:
- O esforço pela sobrevivência em qualquer estádio. Que outro quadro poderia ilustrar melhor o conceito de evolucionismo, tal como o tenho vindo a apreender. A necessidade é o motor da evolução, seja qual for a sociedade.
- O conformismo e a resignação tomaram conta de boa parte dos entrevistados.
- Por último, parece-me que o transcendente nunca deixou de estar presente. Apesar das agruras a que foram sujeitos, quase todos "os vencidos" não perderam a fé e continuaram a acreditar.
Fernando Pratas Gomes (AA2)
Monday, March 5, 2007
Metal e Melancolia - comentário de Mário Rui Souto
O porquê do recurso à condução de um Táxi no Peru pode ser o mesmo noutras partes do Globo.
São motivações várias, quase sempre relacionadas com a necessidade de uma resposta a necessidades que uma sociedade de consumo obriga, e que levam pessoas a recorrer a um segundo e até terceiro trabalho.
Facto curioso é a rapidez com a qual se transforma o veículo familiar num veículo de transporte de passageiros. Tal situação leva-me a pensar no obstáculo que reside na eliminação de uma premissa que hipoteticamente presidiu à aquisição de um veículo: “O bem-estar da minha família nas viagens a realizar na vida útil do automóvel e na vida de cada um de nós”.
Ora, são as necessidades inerentes ao bem-estar das nossas famílias durante a viagem de uma vida que podem motivar a entrada de milhares de estranhos, com todos os perigos inerentes a isso, no veículo que cada um de nós adquiriu.
Como alguém dizia no início do filme «Não nasci para ser taxista». Numa perspectiva de salvação de cada um, ou recurso para fazer face a problemáticas de ordem politica e social, ninguém nasceu para ser taxista. O prazer da condução é permanentemente conjugado com a insegurança e com a agonia da prática de algo que é semelhante a um último recurso antes da degradação humana. Afinal, como os Peruanos, todos nascemos «Ternos» e não só o Peru é feito de «Metal e Melancolia».
O ser homem ou ser mulher, policia ou escriturários não são factores impeditivos da prática do transporte de outros no veículo que com um autocolante se transforma num transporte público. Como se pode ver, não optei por falar no caso peruano como algo único, para optar por um discurso global e com motivações idênticas em qualquer parte do mundo. Todos nós nos relacionamos com o trabalho que adquirimos como se de um carro (Táxi) se tratasse. Falamos com ele e até cantamos para ele, para que não pare ou para que ninguém nos tire esse recurso que significa sustento, até porque «a vida é digna de ser vivida» como diz o pai da criança de cinco anos, com leucemia que também é taxista nas ruas de Lima para sustentar a sua família.
Talvez a diferença maior resida na rapidez com que, num qualquer semáforo de Lima se pode comprar a uma criança de quatro anos, que afirma ser comerciante (e não criança), um autocolante que tem um custo a rondar 1 Sol, que diz “Táxi” e que depois de colado no vidro do veículo, transforma a vida de qualquer dono de um carro.
Afinal, qualquer um de nós, já conduziu, conduz ou poderá vir a conduzir um Táxi para que a viagem das nossas vidas continue aqui ou no Peru.
Mário Rui Souto (AB2)
São motivações várias, quase sempre relacionadas com a necessidade de uma resposta a necessidades que uma sociedade de consumo obriga, e que levam pessoas a recorrer a um segundo e até terceiro trabalho.
Facto curioso é a rapidez com a qual se transforma o veículo familiar num veículo de transporte de passageiros. Tal situação leva-me a pensar no obstáculo que reside na eliminação de uma premissa que hipoteticamente presidiu à aquisição de um veículo: “O bem-estar da minha família nas viagens a realizar na vida útil do automóvel e na vida de cada um de nós”.
Ora, são as necessidades inerentes ao bem-estar das nossas famílias durante a viagem de uma vida que podem motivar a entrada de milhares de estranhos, com todos os perigos inerentes a isso, no veículo que cada um de nós adquiriu.
Como alguém dizia no início do filme «Não nasci para ser taxista». Numa perspectiva de salvação de cada um, ou recurso para fazer face a problemáticas de ordem politica e social, ninguém nasceu para ser taxista. O prazer da condução é permanentemente conjugado com a insegurança e com a agonia da prática de algo que é semelhante a um último recurso antes da degradação humana. Afinal, como os Peruanos, todos nascemos «Ternos» e não só o Peru é feito de «Metal e Melancolia».
O ser homem ou ser mulher, policia ou escriturários não são factores impeditivos da prática do transporte de outros no veículo que com um autocolante se transforma num transporte público. Como se pode ver, não optei por falar no caso peruano como algo único, para optar por um discurso global e com motivações idênticas em qualquer parte do mundo. Todos nós nos relacionamos com o trabalho que adquirimos como se de um carro (Táxi) se tratasse. Falamos com ele e até cantamos para ele, para que não pare ou para que ninguém nos tire esse recurso que significa sustento, até porque «a vida é digna de ser vivida» como diz o pai da criança de cinco anos, com leucemia que também é taxista nas ruas de Lima para sustentar a sua família.
Talvez a diferença maior resida na rapidez com que, num qualquer semáforo de Lima se pode comprar a uma criança de quatro anos, que afirma ser comerciante (e não criança), um autocolante que tem um custo a rondar 1 Sol, que diz “Táxi” e que depois de colado no vidro do veículo, transforma a vida de qualquer dono de um carro.
Afinal, qualquer um de nós, já conduziu, conduz ou poderá vir a conduzir um Táxi para que a viagem das nossas vidas continue aqui ou no Peru.
Mário Rui Souto (AB2)
Metal e Melancolia - comentário de Ângela Russo
Do documentário "Metal e Melancolia" consegui [a]preender uma realidade que infelizmente faz parte do quotidiano de muita gente que não só na América latina. As consequências económicas, por vezes devastadoras, para o dia a dia destas populações, leva-as a "arregaçar as mangas" para sobreviver. Fez-me lembrar de um texto que li há pouco tempo sobre a pobreza "legitimada" e a pobreza "integrada" ou aceite socialmente. Parece-me que este é um desses casos. Por outro lado, a força desta gente como que nos dá uma lição de vida!! Verdadeiros resistentes que fazem das nossas lamentações "coisa pouca..".
Ângela Russo (AB2)
Sunday, March 4, 2007
Metal e Melancolia - comentário de Sara Braz Oliveira
O documentário Metal e Melancolia dá-nos a conhecer um duro retrato da sociedade Peruana: a vida dos taxistas e como eles encaram o seu quotidiano.
Uma realidade com a qual não convivemos no nosso dia a dia.
Considero que o mais importante neste documentário [é] o discurso dos "actores principais". É arrepiante como estes encaram a vida e a pobreza em que vivem. É extraordinário o discurso de muitos deles: apesar de toda a miséria, não deixam de falar, cantar e de tenta ser felizes.
Não creio que eles se sintam humilhados com a sua condição; infelizmente hoje em dia estas pessoas já estão conformadas com a sua realidade.
Gostei bastante do documentário pois me lembra bastante a terra onde vivi até [há] muito pouco tempo, onde também há miséria, vendedores ambulantes, crianças e jovens que tentam vender tudo, desde comida a peças de automóveis. Mas que, [ainda] assim, tentam levar uma vida digna e sem vergonha da sua pobreza.
Uma realidade com a qual não convivemos no nosso dia a dia.
Considero que o mais importante neste documentário [é] o discurso dos "actores principais". É arrepiante como estes encaram a vida e a pobreza em que vivem. É extraordinário o discurso de muitos deles: apesar de toda a miséria, não deixam de falar, cantar e de tenta ser felizes.
Não creio que eles se sintam humilhados com a sua condição; infelizmente hoje em dia estas pessoas já estão conformadas com a sua realidade.
Gostei bastante do documentário pois me lembra bastante a terra onde vivi até [há] muito pouco tempo, onde também há miséria, vendedores ambulantes, crianças e jovens que tentam vender tudo, desde comida a peças de automóveis. Mas que, [ainda] assim, tentam levar uma vida digna e sem vergonha da sua pobreza.
Sara Braz Oliveira (AA1)
Metal e Melancolia - Comentário de António Mestre
(...) A situação exposta neste documentário revela-se mais profunda do que o relato do quotidiano de uma classe média peruana fustigada pela crise politica e económica que o país atravesa. Ainda que, só por si, esta associação entre política e economia já nos [mostre] a força dest[as] dimensões estrutura[ntes] das sociedades na alteração dos [estilos] de vida e dos seus constituintes básicos: as pessoas e os seus sistemas relacionais. "Metal e Melancolia" expressa a adopção de estratégias forçadas pela situação do país, mas revela também como se posicionam os diversos "taxistas de ocasião " [face ao] papel [que se vêem forçados a desempenhar]: para uns existe a clara consciência do privilégio e poder [conferido] pelo facto de possuirem carro,(...): manter a casa, a familia e o status minimo de apego a um nivel de vida que antes possuíam. Para outros esta estratégia é uma revolta e quase uma resistência assumida contra os causadores deste mal social colectivo.: os políticos e a sua má governação. Assim, transportam todos consigo a melancolia de um passado onde tudo foi melhor (...). Na realidade dos factos, a dura opção por uma estratégia de vida não idealizada, transporta consigo valores morais contraditórios: o papel da mulher na sociedade peruana e a opção por uma sobrevivência/indepêndencia possibilitada pela vida de taxista pervalecem.A resistência à crise é possibilitada pelo facto de se conhecerem e se lhe identificarem as origens.O posicionamento de resignação face ao conflicto asocial existente faz comque as estratégias obedeçam às regras de um" jogo politico" no qual manter um distanciamento saudável é garantia de sobrevivência. A situação vivida em Lima pode ter paralelo com outras que, em tempos de crise, são adoptadas em outros lugares.Em Cuba, fruto da situação de bloqueio e da conjuntura económica e politica, são frequentemente adoptadas estratégias similares. Mas também numa Europa dita desenvolvida podemos encontrar estratégias de duplo ou triplo emprego, com as mesmas razões - manter um nivel de vida de acordo com o padrão de referência que cada um adopta para si. Como refere E.Leach, não são as mesmas situações que estamos a comparar, mas sim a possibilidade de, em contextos diferentes, obtermos um padrão de estratégias sociais semelhantes dentro de modelos contraditórios.Talvez este documentário materialize de forma exemplar uma teoria da prática como a identificou P. Bourdieu. O habitus e o capital social destes personagens permitiu-lhes adoptar estas estratégias que outros ( os vendedores de agendas, ou os vendedores de rua) não puderam assumir dentro de um mesmo contexto de crise nacional.
António Mestre ( AB1)
Metal e Melancolia - comentário de Jorge Santos Simões
Do visionamento, em aula, do documentário “Metal e Melancolia” de Heddy Honigman, retirei as questões seguintes:
- Como, face à alteração do contexto político e consequente crise económica, as pessoas se organizam e ‘inventam’ estratégias de sobrevivência para resistirem à degradação do seu estilo de vida e consequente perca de um certo ‘estatuto social’, dando origem a novas identidades ou, melhor dizendo, identidades fragmentadas.
- No caso analisado, e no seu aspecto económico, para além da actividade de taxista, exercida geralmente como segunda profissão, encontramos o táxi como lugar de outras ‘trocas’ económicas e ainda o desenvolvimento de actividades subsequentes como a venda dos dísticos.
-O táxi constitui-se também como um espaço de sociabilidade diferente. Destaco aqui a história do jovem apaixonado que não partiu para Itália porque ponderou e receou o preconceito, consciente da possível discriminação relativamente a marcadores corporais, a uma cultura diferente, aspectos eventualmente vistos como ‘inferiores’em Itália.
- Identifica-se a ‘família’ como elemento estruturante e transversal nos elementos do grupo, na medida em que a referem sistematicamente como a motivação para as novas actividades que desenvolvem.
- Articulando família, género e valores sublinha-se, por exemplo, o caso da mão solteira cujo pai aceitava mal essa situação. Constatamos também como os papéis de género se alteram em diferentes contextos – as mulheres começam a desenvolver uma actividade que era do domínio do masculino.
Jorge Manuel Santos Simões (AA2)
- Como, face à alteração do contexto político e consequente crise económica, as pessoas se organizam e ‘inventam’ estratégias de sobrevivência para resistirem à degradação do seu estilo de vida e consequente perca de um certo ‘estatuto social’, dando origem a novas identidades ou, melhor dizendo, identidades fragmentadas.
- No caso analisado, e no seu aspecto económico, para além da actividade de taxista, exercida geralmente como segunda profissão, encontramos o táxi como lugar de outras ‘trocas’ económicas e ainda o desenvolvimento de actividades subsequentes como a venda dos dísticos.
-O táxi constitui-se também como um espaço de sociabilidade diferente. Destaco aqui a história do jovem apaixonado que não partiu para Itália porque ponderou e receou o preconceito, consciente da possível discriminação relativamente a marcadores corporais, a uma cultura diferente, aspectos eventualmente vistos como ‘inferiores’em Itália.
- Identifica-se a ‘família’ como elemento estruturante e transversal nos elementos do grupo, na medida em que a referem sistematicamente como a motivação para as novas actividades que desenvolvem.
- Articulando família, género e valores sublinha-se, por exemplo, o caso da mão solteira cujo pai aceitava mal essa situação. Constatamos também como os papéis de género se alteram em diferentes contextos – as mulheres começam a desenvolver uma actividade que era do domínio do masculino.
Jorge Manuel Santos Simões (AA2)
Metal e Melancolia - comentário de Cátia Domingues
Enquanto visionava o documentário, ia-me apercebendo das estratégias de sobrevivência [utilizadas] nesse contexto de crise económica. (...)
[Percebe-se] a melancolia, porque [os protagonistas] esperam tempos que não voltam mais, mas onde estão sempre fortes como o metal, [lutando] para sobreviver e [ protengendo] o seu «fiel e actual» amigo e companheiro - o automóvel (...). Ou seja, a situação de caos político e económico endurece-os, levando-os a lutar pela sua sobrevivência e a da sua família, com os meios de que dispõem.
No contexto português também se encontra[m] algumas estratégias de sobrevivência (...): homens a venderem os seus produtos nos semáforos e pessoas que em vez de um emprego tem dois. Portanto, podemos verificar que em contextos diferentes (...) as estratégias não diferem muito, apesar de a situação em termos políticos e económicos não ser comparável. Mas o objectivo é comum: a sobrevivência.
Cátia Domingues (AC1)
Metal e Melancolia - comentário de Célia Gomes
Sobre o documentário “Metal e Melancolia” de Heddy Honigmann, e dos diferentes discursos feitos pelos diferentes personagens, destaco o facto de se sentir em permanência a forma, por vezes “melancólica”, mas sempre de “metal” – porque a dor e a pobreza os endurece – como todos eles tentam resistir a uma realidade de evidente caos político e económico, que se repercute na parte social.
Essa resistência, que é também uma defesa, manifesta-se nas variadíssimas formas que arranjam para subsistir, desde os actos mais simples aos mais engenhosos:
Pelas crianças que vendem caramelos; pelos homens que abordam os condutores para limparem os vidros dos seus carros; pelos vendedores de sinalética para táxis; pelos compradores dessa sinalética, que em muitas ocasiões são pessoas que complementam o seu dia de trabalho no emprego, com a actividade de taxista; pelos truques e engenhos que muitos desses taxistas arquitectam para defender de qualquer roubo o seu velho, mas sempre “actual”, automóvel. Passando pela expressão de sentimentos que tanto podem revelar a indignação colectiva face a essa dura realidade peruana, como exprimir experiências meramente pessoais.
Célia Gomes (AA2)
Saturday, March 3, 2007
Metal e Melancolia - comentário de Fernando Carmo Silva
Do documentário de Heddy Honigmann visionado em aula, "Metal e Melancolia", destaco os seguintes aspectos:
- Na anarquia que atravessa o exercício da actividade de motorista de táxi, constituem-se todavia elementos ordenadores, representados na utilização dos dísticos identificando os “táxis”, os quais são uniformes, tanto pelas dimensões como pelas cores (vermelho, amarelo). Qualquer actividade económica pressupõe algum ordenamento, a fixação de regras;
- Actividade económica gera actividade económica. Como que num processo de auto reprodução, a actividade de taxista gera outras actividades, criadoras de recursos tendencialmente menores, como que numa escala de rendimentos. É assim que surgem os vendedores de dísticos ou a venda no interior dos táxis de outros artigos;
- O táxi transforma-se em espaço de liberdade, enquanto local onde se comunica, se exprimem sentimentos, se revêem memórias. Do actor ao cantor, da história de amor à história de vida, no táxi estes homens e mulheres são eventualmente mais "livres" do que nos seus empregos oficiais. O táxi é igualmente um espaço onde a divisão do trabalho por sexo não tem lugar.
Fernando Carmo Silva (AA2)
Metal e Melancolia - comentário de Vítor Alves
Após o visionamento do filme/documentário sobre os taxistas no Perú, na aula de ontem, achei curiosa uma notícia publicada na página 6 do jornal Metro de hoje que é elucidativa quanto ao estado de sítio e caos que reina naquele país, após sucessivos (des)Governos e, por outro lado, após a instalação dum clima de guerrilha por parte do Sendero Luminoso. Passo a transcrever essa notícia:
«Peru quer acabar com os atrasos. Ontem, ao meio dia, os 27 milhões de peruanos tiveram a oportunidade de acertar os relógios, pois as sirenes tocaram e os sinos dobraram. A ideia foi do Governo, que se cansou da falta de pontualidade que reina no país. O Governo pediu, inclusive, às empresas e escolas que não tolerem mais a hora peruana, que, normalmente, se traduz em 60 minutos de atraso.»
Vítor Alves (AB2)
Friday, March 2, 2007
Metal e Melancolia - aguardando os vossos comentários
Imagem retirada daqui.
Após o visionamento do documentário Metal e Melancolia de Heddy Honigman fico a aguardar os vossos comentários. Desafio-vos a escreverem pequenos textos sobre o que mais vos impressionou no filme. Eis alguns tópicos, meramente indicativos, sobre os quais podem escrever:
- Articulações entre o económico e político nos discursos dos protagonistas do filme.
- Modelos morais e sistemas de valores implícitos ou explícitos nos discursos dos protagonistas do filme.
- Estratégias de sobrevivência em contextos de crise económica.
-Contextualização do documentário (filmado em 1992) no respectivo quadro económico e político global.
- Comparação com outros contextos.
PS - Envio dos textos para o endereço de correio electrónico indicado no programa da cadeira.
Cadernos de Textos e aulas teórico-práticas
Ficaram a partir de hoje disponíveis na Danka os Cadernos de Textos com as leituras para as aulas teórico-práticas das quintas-feiras. Há três cadernos: um com os textos para o 1º ano, outro com os textos para o 2º e 3º anos e um terceiro com os textos que são comuns a todos os anos. Uma folha de inscrições para as aulas teórico-práticas foi entregue a cada turma na passada quinta-feira. Recolherei essas folhas nas aulas teóricas da próxima terça.
Bom fim-de-semana para tod@s.
Tuesday, February 13, 2007
Aula da próxima 5ª-feira
Este aviso destina-se às turmas AA1, AB2 e AC3 às quais, por lapso, esqueci avisar o seguinte: para a próxima aula de 5ª-feira procurem, em obras de referência, informação sobre os seguintes termos: Filosofia Moral/Economia Política/Poder.
Friday, February 9, 2007
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